O sobrepeso, mas principalmente a obesidade, determina uma série de desajustes em diversos órgãos e sistemas devido ao processo inflamatório gerado pelas citocinas liberadas pelo tecido adiposo.
Uma das citocinas que leva ao aumento da inflamação é o TNF-a (fator de necrose tumoral alfa), que é produzida principalmente pelo tecido adiposo visceral e que leva a diversas desordens como a resistência à insulina por ativar enzimas serina/treonina quinases como a JNK (c-Jun N-terminal kinases) e IKK (IκB kinase) que inibem o receptor de insulina.
O TNF-a também inibe a lipase lipoproteica, enzima que é responsável por degradar os triglicerídeos das lipoproteínas Quilomícrom e VLDL e armazenar dentro do tecido adiposo. Devido à inibição da lipase lipoproteica haverá aumento na circulação dos ácidos graxos livres.
O aumento de TNF-a e ácidos graxos livres ativam os Toll-like receptor, receptores presentes em grande parte das células que juntamente com o TNF-a e ácidos graxos livres aumentam o fator nuclear kappa B (NF-κB), e assim, levam ao aumento da enzima ciclooxigenase 2 que promove maior produção de tromboxanos (agregação plaquetária – formação de trombos).
Com o aumento do processo inflamatório gerado pelo excesso de tecido adiposo há também aumento do stress oxidativo, ou seja, aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (ânion superóxido, peróxido de hidrogénio e radical hidroxila) e redução das enzimas antioxidantes (superóxido dismutase, catalase, glutationa peroxidase e glutationa redutase), o que gera danos em diversos tecidos, como o endotélio (parede dos vasos sanguíneos).
Os danos nas células endotelias levam ao aumento da entrada de LDL-colesterol para o espaço subendotelial onde ele é oxidado pelos radicais livres, formando assim a LDL-oxidada.
Como a LDL-oxidada não é reconhecida pelo organismo ela precisa ser removida, e isso ocorre com o aumento na circulação sanguínea dos monócitos (células de defesa) que fazem diapedese (saída da circulação e ida para o espaço subendotelial), diferenciam-se em macrófagos (células de varredura) e começam a realizar a fagocitose (limpeza) do LDL-oxidado.
A fogocitar os LDL-oxidados, os macrófagos se transformam em células espumosas, o que promove grande liberação de citocinas inflamatórias e faz com que as células musculares lisas liberem matriz extracelular (proteoglicanos e colágeno), levando assim, a sua proliferação e migração para o espaço subendotelial, e assim, formação de um trombo (ateroma) que pode levar ao infarto agudo do miocárdio acidente vascular cerebral.
Precisamos analisar a obesidade e sua repercussão na vida das pessoas de forma mais profundada, pois, muito mais do que estética, ela está associada ao risco de doenças cardiovasculares, metabólicas e mortalidade.
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